tag:blogger.com,1999:blog-8734307683949767722024-02-18T21:25:14.968-08:00lucianobonfim.blogspot.comlucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.comBlogger13125tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-22279359747548952372009-06-25T17:24:00.000-07:002009-06-25T17:33:30.915-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRU5TvZo45jeW3pJwJR3YZBBZZngZ16VktXFcxCsycSTInHrHWQvjaC8kWdaCz4pHIv4OVjsL3b-2D83QPztwAgHPh-bsCOctGXdiTwiBrJnjR06-b0HdyLHKeYHpGYRUGob8BWRe6IUsz/s1600-h/rc0018.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRU5TvZo45jeW3pJwJR3YZBBZZngZ16VktXFcxCsycSTInHrHWQvjaC8kWdaCz4pHIv4OVjsL3b-2D83QPztwAgHPh-bsCOctGXdiTwiBrJnjR06-b0HdyLHKeYHpGYRUGob8BWRe6IUsz/s320/rc0018.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5351426252511688162" border="0" /></a><br />Mexendo em meus alfarrábios, eis que encontrei esta foto - acredito, se a memória não me engana, que estamos vendo Crateús, sertões do Ceará, durante as últimas chuvas de um não tão saudoso inverno.lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-31068698634734812352008-09-09T06:40:00.001-07:002008-09-09T06:42:48.205-07:00apesar de.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiohLAQ79vf-wEji0CHbaTqCFd2J3BZU2thfdqt7IWeanGiqc0AGE_3CSJ_efxfU004xuKzPNYJraK_eWg7dLhPsgaM0D-dNx7ovMXGtC3hkIhpNXU7uKXlrB60IPfltyTPs4WRcNAKzkkn/s1600-h/PICT0101.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5244016336341560322" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiohLAQ79vf-wEji0CHbaTqCFd2J3BZU2thfdqt7IWeanGiqc0AGE_3CSJ_efxfU004xuKzPNYJraK_eWg7dLhPsgaM0D-dNx7ovMXGtC3hkIhpNXU7uKXlrB60IPfltyTPs4WRcNAKzkkn/s320/PICT0101.JPG" border="0" /></a>Choveu tudo o que tinha de chover, pensei.<br />Por toda a noite presenciou-nos um friozinho gostoso, daqueles que a gente deseja que a vida se prolongue pelo resto do dia pela via do sono e da preguiça.<br />Uma pequena chuva ainda insiste, e desliza pelos telhados da pequena cidade.<br />Meu filho ainda dorme.<br />O vizinho, pessoa que não estimo, no apartamento do andar seguinte, lembra-me, com os seus sapatos de chumbo, uma manada de búfalos a correr pelos campos nos filmes de faroeste; acordou-me bem mais cedo do que eu precisava. Como se não bastasse, ligou o som com uma música cafona e sem sentido, fosse pelo menos Tom Zé.<br />Não obstante, minha avó chegou esse final de semana para começar um tratamento de saúde, aquela mesma avó que me humilhava na infância; lembro-me de quando ela comprou um cão pastor e o colocou solto no quintal, desde então odeio avós e outros animais...<br />Minha esposa durante todo o final de semana esteve envolvida em separar e organizar materiais para uma viagem de negócios que irá realizar. É sua primeira semana neste novo trabalho, ela é formada em farmácia mas os números do orçamento doméstico andam indomáveis.<br />O vizinho e suas patas de cavalo...finalmente... silenciaram.<br />Depois de contar de 1 até 50 várias vezes, resolvi levantar-me e cumprir os rituais necessários de higiene e zelo pessoal.<br />A chuva continua, magrinha, mas continua.<br />Sobre a mesa algumas cartas não respondidas e muitas faturas ainda não pagas.<br />Ouço música, enquanto procuro separar tecidos e tintas para uma aula que irei realizar a noite:<br /><br />"solidão<br />que poeira leve<br />solidão<br />olhe a casa é sua<br />o telefo...<br />e no meu descompasso<br />o riso dela..."<br />Meu guarda-chuva está a postos. Pensei com veemência e gratidão: viva Tom Zé!, apesar de.<br /><br />em: móbiles - hestórias e considerações.lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-80778167635946064342008-09-09T06:36:00.000-07:002008-09-09T06:39:03.851-07:00Segundo Rascunho<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioCPUXjmZ6hNoHtATZ0x4DML6RHj4F5ay0tLjCGE3g6yVqc_3CuXQ89NA7WxMp8PvXySuJqkBYSOnKJFodY4nYKI38q1E902RPkZUcUrnsrnPoOhm8JCw13c4B6vs4VkOZqGsB8j92YbuO/s1600-h/constelações.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5244015512295704690" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 423px; CURSOR: hand; HEIGHT: 190px; TEXT-ALIGN: center" height="150" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioCPUXjmZ6hNoHtATZ0x4DML6RHj4F5ay0tLjCGE3g6yVqc_3CuXQ89NA7WxMp8PvXySuJqkBYSOnKJFodY4nYKI38q1E902RPkZUcUrnsrnPoOhm8JCw13c4B6vs4VkOZqGsB8j92YbuO/s200/constela%C3%A7%C3%B5es.bmp" width="297" border="0" /></a><br /><div><br />Todos os outros jogavam sinuca de forma descontraída. Todos os outros faziam suas apostas. Todos os outros riam bastante, talvez como eu, todos os outros estivessem alegres apenas por fora.<br />...<br />Ensaiei jogar sinuca, pedi outra cerveja e ainda mais volume no Raul Seixas, neste sentido, acreditei que a bebida pudesse me preencher no que não me restava de mim mesmo. Mas a cada gole ingerido acrescentava-se uma gota de tristeza e outra vez eu precisava buscar mais alegria no próximo ‘copo de cólera’.<br />De um deles, de um de todos os outros, um pouco antes de sair exasperado pelas ruas, exigi que me acrescentasse mais bebida e colocasse o Raul Seixas a toda altura.<br />Ainda voltei ao boteco, e contrariando a todos, retirei o boné do rapaz que matou o meu vizinho, ele riu para os outros, calmamente, e falou: "nunca vi ele assim".<br />(Nunca vi ele assim, nunca vi ele assim é o caralho, pensei comigo)<br />Nenhum de todos os outros entendeu, quando em seguida, naquela moto, saí desesperado pelas ruas da cidade.<br />As ruas não estavam desertas, eu estava. </div><br /><div></div><br /><div>em: Móbiles - hestórias e considerações.</div><br /><div></div>lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-67094950872452215162008-09-09T06:31:00.000-07:002008-09-09T06:34:51.416-07:00Por causa do "Gato Lilás"Tarsila, uma gata siamesa, que conviveu conosco por alguns dias, apaixonou-se pelo ‘gato lilás’ de Aldemir Martins – uma reprodução da tela que possuímos em casa.<br />Investiu tudo nesta paixão, estudou sobre o artista e sua obra, incomodou a todos com o seu canto lastimoso e noturno, gastou as unhas arranhando os telhados alheios.<br />Não encontrando retorno algum desta paixão, chegou a cometer o suicídio 6 vezes, até decidir-se a pesquisar intensamente sobre arte contemporânea.<br />Certa noite, após buscar um diálogo intenso com a eternidade, ainda meio grogue e desolada, saiu para a rua e não mais a vimos.<br />Soubemos, algum tempo depois, que ela fora atropelada e tornou-se uma efêmera intervenção urbana.lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-37266687370185509642008-02-13T05:02:00.000-08:002008-11-12T21:21:54.615-08:00dispersos poemas inéditos em livro de carne e osso.2<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglwgWHnMwVt68x_6k1YHtquA6UnTNIfg1Hx1E2GvGrBalrDiMCwtGw_7bL_aZyaAVOPEO2g0PwalKc63uGOwOwJzPliXdynZ2Y8YPVrGENwX2Bv4V1ibj54qDmNJb8iiWasBLvPwVJPpdm/s1600-h/DSC00029.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166450719817013106" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglwgWHnMwVt68x_6k1YHtquA6UnTNIfg1Hx1E2GvGrBalrDiMCwtGw_7bL_aZyaAVOPEO2g0PwalKc63uGOwOwJzPliXdynZ2Y8YPVrGENwX2Bv4V1ibj54qDmNJb8iiWasBLvPwVJPpdm/s320/DSC00029.JPG" border="0" /></a><br /><strong>6. Orquídea às nove da manhã</strong><br /><strong></strong><br />orquídea às nove da manhã<br /><br />teu voluptuoso sexo<br /><br />humana expansão do céu<br /><br />em contato com o fogo:desfaleces<br /><br />revives: em contato com o fogo<br /><br />com intensidade, calma e luxúria<br /><br />- lúbrica embocadura -<br /><br />viajas em minha picalucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-46909710465487457502008-02-13T04:45:00.000-08:002008-02-13T05:02:10.474-08:00dispersos poemas inéditos em livro de carne e osso<strong>1. Descartes(revisitação)</strong><br /><br />1. Desconfie de tudo, inclusive da poesia<br />2. Para compor, decompor<br />3. Leia àqueles que pretendes teus cúmplices - e te aproximas até<br />onde puderes não perder a tua própria voz<br />4.Não se deve omitir o nome do revisitado(Descartes)<br />nem a obra(Discurso do Método) - contudo desconfie.<br /><br /><strong></strong><br /><strong></strong><br /><strong>2.Palavras em estado de graça</strong><br /><br />para escrever poesias<br />preciso de dicionários<br /><br />não de palavras em 'estado de léxico'<br />mas em esta(n)do dicionário(s):<br />palavras-ebulição!<br /><br />Dicionário: palavras em estado de graça<br />caindo nas graças de. : caldeirão da(e) língua(s).<br /><br />Para escrever poesias<br />careço de dicionários<br /><br />...artes, ciências, mitologias, filosofias, religiões...<br />- da nossa língua! Do nosso! Português-Brasileiro!<br /><br />outros elementos para se escrever poesias:<br />...psique, inteligência, imaginação, sentidos, experiência , memória...<br /><br /><br /><strong></strong><br /><strong>3. olho por olho</strong><br /><strong></strong><br />veja os olhos das cegas<br />perderem-se no olho por olho<br /><br />encontre-se às cegas e veja...<br /><br />da cegueira: olhe, olhe nos olhos<br />nus olhos das cegas<br /><br /><br /><strong></strong><br /><strong>4. miosótis</strong><br /><br />à noite as casas se recolhem<br />orvalhos esmeram folhas<br />corpos conjugam-se<br /><br /><br /><strong></strong><br /><strong>5. À(ção</strong><br /><strong></strong><br />aos irmãos de Campos<br /><br />a<strong>(</strong>de<strong>(</strong>forma<strong>(</strong>trans<strong>(</strong>forma<strong>)</strong>açãolucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-18592982938989825862008-01-29T08:43:00.000-08:002008-11-12T21:21:54.895-08:00A VERSATILIDADE VERBAL DE LUCIANO BONFIM por NILTO MACIEL<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKnbFlxkw4WnHGIvTveWttUx2BF5-8avXXb-GAaecQ0YzLgA-5To7lOA5GcGjM251cB9xybDhbPPO_ZBJMeI6KzEuN9J4gpzNnHuX_avh_M-ui6j36w4f5Yy-a0cLPnp4D2I592MFb02Et/s1600-h/Cartaz_a3_mobiles.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5160940945707610402" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKnbFlxkw4WnHGIvTveWttUx2BF5-8avXXb-GAaecQ0YzLgA-5To7lOA5GcGjM251cB9xybDhbPPO_ZBJMeI6KzEuN9J4gpzNnHuX_avh_M-ui6j36w4f5Yy-a0cLPnp4D2I592MFb02Et/s320/Cartaz_a3_mobiles.jpg" border="0" /></a><br /><div>Em dois livros – Dançando com Sapatos que Incomodam e móbiles [hestórias e considerações] – Luciano Bonfim se revela um escritor inventivo, versátil, que sabe se desviar do lugar-comum da literatura, da narrativa tradicional e linear.<br />O contista não somente se vale da intertextualidade, ao colar trechos de obras clássicas ou contemporâneas, dar-lhes outra roupagem, como presta homenagem a alguns dos ícones da Literatura, ao conceber novas formas a fragmentos de suas criações, como em "O Cálice dos Desesperados", numa recriação substantiva de um momento da Metamorfose de Kafka, como se lê aqui: "Até que um dia deparou-se com aquele monstro horrível, e sentiu mesmo uma imensa vontade de esmagá-lo". Em "combinações aleatórias" as homenagens a escritores são claras. Nelas e no processo de diálogo intertextual, Luciano vai dos clássicos (Sören Kierkegaard, Juan Rulfo, Clarice Lispector) aos mais novos, como Caio Fernando Abreu e Jorge Pieiro.<br />Afeito à intertextualidade, Luciano sabe dialogar com outros textos, não somente os literários. Ao se aproveitar do recurso intertextual, ele o faz muito mais conscientemente do que inconscientemente, como se vê ao citar nomes e títulos de obras.<br />O contista demonstra afinidade não somente com escritores, mas também com compositores e pintores, como é o caso de Van Gogh. "Ilustração" se inicia assim: "No campo os girassóis lembram um certo pintor holandês ridicularizado em vida".<br />Luciano também se socorre muito da descrição, que vem do seu amor à pintura e ao desenho. Como neste trecho de "Variações": "Existe, após as casas, um imenso terreno baldio e um pequeno sítio onde cultivam flores e hortaliças; também possuem uma colméia".<br />Vejam-se as imagens, pinceladas, descrições em "Após a Neblina Cinzenta do Crepúsculo", cuja poesia se inicia no título: "Em toda a sua extensão a nossa vila turva-se de vermelho, rosa, roxo, verde, florais – estampas de um enorme e denso colorido. A lua nestas noites, desde as primeiras horas, talvez influenciada por tantas mudanças, compõe-se bordô, – reforçando detalhes e apagando eventuais manchas que possam dissimular imagens". O próprio narrador ("Naquela mesma lua, na espessa calda que recobre a noite, os traços de Zuita Benoar ganham uma conotação cada vez mais confusa – aspecto de rascunho engolido pela paisagem") se encarrega de enfatizar a tendência de Luciano pelo desenho, pela pintura, pela paisagem. Em "Aves de Arribação" (clara homenagem a Antônio Sales) se lê: "Durante algum tempo, a corda tensa no espaço e o corpo oscilando suspenso no ar, permaneceram compondo a paisagem, tendo o desvão azul e frio do céu como fundo arbitrário de imagem" (grifo nosso). Em "Estúpido Cupido de Giz" (absorção de parte da letra da música de Neil Sedaka, na voz de Celly Campello, gravada em 1959) outra descrição, outra pintura: "O firmamento é um imenso prato raso, onde todos os canais noturnos do inferno astral convergem para além do firmamento blue".<br />Em Luciano há muita poesia, sobretudo nas metáforas, que são abundantes: "Numa noite difusa, silenciosamente, as casas devoraram os seus moradores". E, se não são metáforas, estamos diante de pura literatura fantástica. Veja-se a poesia deste excerto: "Não me encontrando [em meu coração] especializei-me em vislumbrar abismos".<br />Dois de seus personagens – Margot e Gaspar – aparecem em diversas composições, o que levaria o leitor a imaginar a construção de um romance. Talvez houvesse essa pretensão no escritor. Porém em nenhum momento se percebe nos "móbiles" ou nos "passos" do primeiro livro o espírito de romance.<br />Em "Terceiro Caderno" o ser fictício está perdido e nem sabe como narrar, ou o que narrar. O de "Não Existe Apenas uma Forma de Amor & Prazer" mais se assemelha a ensaísta, num ensaio do amor e do prazer carnal. Em "Segundo Rascunho" o narrador-personagem está em completa solidão, desespero: "As ruas não estavam desertas, eu estava". Em "Sobre Naturezas Humanas" o tema central é o ser humano, como a dizer: "Assim são os humanos". Em "Por Causa do Gato Lilás", cujo protagonista é um animal, "Tarsila, uma gata siamesa, que conviveu conosco por alguns dias, apaixonou-se pelo ‘gato lilás’ de Aldemir Martins – uma reprodução da tela que possuímos em casa". Seria a felina também pintora? Em "Correspondência Violada" o tema é a solidão do escritor, os sonhos literários, e seu cotidiano doméstico.<br />Em muitas peças nada se vê de descrição ou mesmo de informação geográfica. No entanto, aqui e ali se percebe como espaço das ações a cidade do interior. "Sina" é todo composto de referências ao ambiente rural, em vocábulos e expressões de uso comum no sertão. "Viúva de Marido Vivo" também retrata o ambiente de pobreza, a seca. Em "Apesar de." "Uma pequena chuva ainda insiste, e desliza pelos telhados da pequena cidade".<br />A chuva é outro elemento freqüente na obra de Luciano, talvez exatamente em face da escassez dela no Ceará. Em "Blues da Finitude." se lê: "Uma pequena chuva, dessas que não divergem opiniões e nos estimulam ao sexo, lambeu por toda a noite a cidade insone".<br />Um conto só é bom se tiver um bom desfecho. Como em "Negócios Importantes para o Futuro da Empresa": "Dali a pouco, ela pegaria a sua filha no colégio e eu me encontraria com o seu marido, para tratarmos de negócios importantes para o futuro da empresa". Belo deslinde, inusitado, embora realista.<br />Luciano se serve das mais variadas formas ou modalidades de comunicação: a carta – o que não é novidade – (como em "Cartas a Van Gogh"), a propaganda, a conversa fiada, o anúncio, a frase feita, o lugar-comum, o ditado (em "Na Brevidade das Fugas" a pessoa que dialoga com Maria e também o narrador fazem uso constante dessa linguagem). O mesmo recurso é utilizado em "De Natureza Cíclica". Há até uma "Conversa entre Liquidificadores" (ilegível para o leitor humano, talvez legível por outros liquidificadores, que falariam de si mesmos ou dos humanos, de suas engrenagens, de seu trabalho diário, etc. Sim, sobre o que "conversam" os liquidificadores? Sobre os humanos ou sobre si mesmos?) Em "Noturnos Ópios No 9" Luciano aproveita a fórmula das questões de prova escolar. Em "Variações" encontramos até o que se poderia chamar de relatório oficial: "Casas: iguais e diferentes. /Moradores: análogos e divergentes. /Situações: semelhantes e distintas". Em "Apesar de." a forma utilizada é a do diário, o que também não é novidade.<br />Muitas de suas composições são bem curtas, constituídas de diálogos breves, quase enigmáticos. Outras são compostas apenas de uma fala e uma narração breve, como em "Implicações Clandestinas das Herméticas Influências". "Intervenção Urbana" seria uma síntese de um acidente ou suicídio. Em "Original Lugar Comum" ele brinca com as fórmulas filosóficas, os sofismas, etc. Em "A Realidade Segundo H. P. Down" de novo a linguagem dos filósofos ou uma paródia filosófica. Ou conclusões lógicas, como em "O Filho Alérgico e a Mãe Protetora".<br />Luciano também aproveita com cuidado a seqüência de vocábulos ideologicamente análogos, para construir a frase, o enunciado narrativo, como em "Manhã Guardada": "Confissões, namoros feitos, mágoas, traições refeitas, álcool, amores desfeitos, mulher amada, punhais, olhares penumbros, bichas pavão, lésbicas fumadas, viciados utópicos – a praça para além dos bancos". Ou em "Filhos de mãe d’água".<br />Tudo isso faz de Luciano Bonfim um escritor absolutamente moderno, novo, embora não se desfaça das fórmulas consagradas de narrar ou escrever, não se afaste dos narradores essenciais e, acima de tudo, não pense que inventou a roda, a pólvora ou mesmo o conto.<br /></div><span style="font-size:78%;"><br /></span><div align="right"><strong>Nilto Maciel<br />Fortaleza, junho de 2007.</strong></div><div align="right"><span style="font-size:78%;">(em: móbiles - hestórias e considerações)</span></div>lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-34939098832638959032008-01-28T05:27:00.001-08:002008-11-12T21:21:55.179-08:00NÃO EXISTE APENAS UMA FORMA DE AMOR & PRAZER<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMXxqsziMBhPWO4No_IvZoNbPJyJs7a400GI66hyqTotkw2RBvSCaGtQzdgkUDQewWiLKNBbBfbBDCp2XMtHFFeOy_ssV7cErtg5TZ5dYqULWcJTMDS8sdv87Or_TQ2u7JkeRRFqFfqveO/s1600-h/bailarino+brasileiro+em+solo+soviético.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5160518780487184642" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMXxqsziMBhPWO4No_IvZoNbPJyJs7a400GI66hyqTotkw2RBvSCaGtQzdgkUDQewWiLKNBbBfbBDCp2XMtHFFeOy_ssV7cErtg5TZ5dYqULWcJTMDS8sdv87Or_TQ2u7JkeRRFqFfqveO/s200/bailarino+brasileiro+em+solo+sovi%C3%A9tico.bmp" border="0" /></a><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;">No curso do tratamento psicanalítico há amplas oportunidades para colher impressões sobre a maneira como os neuróticos se comportam em relação ao amor; ao mesmo tempo, podemos nos lembrar de ter observado ou ouvido falar de comportamento semelhante em pessoas de saúde normal ou mesmo naquelas de qualidades excepcionais..[Contribuições à psicologia do Amor]<br />Sigmund Freud<br /></span><br /></div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right">Maria Bonita, antes de conhecer Virgulino Ferreira, o Lampião, a quem amou até a morte, foi casada com o sapateiro Pedro.<br /></div><div align="right">Cléopatra, rainha do Egito e do coração de Marco Antônio, amou o poder sobre todas as coisas e teve, segundo os relatos, momentos de prazer intenso com os seus magnânimos amantes. Diziam-na belíssima.<br /></div><div align="right">Oscar Wilde, que por algum tempo viveu devotadamente à sua esposa, com quem teve dois filhos, crianças para quem escreveu as suas histórias de fadas e encantamentos, amou de profundis a um impetuoso jovem inglês.<br /></div><div align="right">Calígula, de quem dizem barbaridades sobre a sua vida e os seus amores, indistintamente amou a homens e mulheres, preferindo, segundo consta, aos rapazes fortes e fogosos.<br /></div><div align="right">Niestzche alimentou platônicos amores e nunca teve relacionamentos duradouros; nem parcos amores viveu; na juventude, com uma que nem mesmo soube do nome, teve raras relações sexuais, o suficiente para contrair sífilis e terminar como sabemos.<br /></div><div align="right">Schopenhauer nunca morreu de amores pela própria mãe, preferindo dedicar-se a um pequeno cão, a música e a filosofia.<br /></div><div align="right">Hitler, algumas vezes acusado de sodomia, empestava de prazer as suas roupas íntimas quando discursava para o seu másculo exército.<br /></div><div align="right">Narciso amou a si mesmo e entregou-se ao desespero de não ser correspondido.<br /></div><div align="right">Tarzan amava Jane mas nunca se desligou da macaca Chita, a quem conheceu bem antes.<br /></div><div align="right">Os cães às vezes se amam na praça e sempre depois do gozo ficam, por algum tempo, engatados um ao outro, sendo motivo de risos para muitos e escândalos para tantos.<br /></div><div align="right">Alguns amam e sentem prazer com animais não humanos.<br />Outros sentem prazer com aqueles que não amam.<br />Tantos exatamente não amam àqueles com quem dividem a mesma cama. Outros vivem com aqueles que realmente amam e têm prazer. Alguns fingem o prazer que não sentem, e somente assim, têm o prazer que deveras fingem.<br />Muitos se masturbam todos os dias. Outros não se masturbam nunca nem de vez em quando têm relações sexuais e, no meio da noite, muitas vezes, acordam salvos pela polução.<br /></div><div align="right">Existiram Satúrnicas e Bacanais. Troca de casais existe, menáge a trois, também<br /></div><div align="right">O campo do amor é vasto, vocês sabem! Infinitas são as zonas de prazer!<br />Alguns, mesmo assim, nem querem saber de amor e sexo. Outros, todavia, não vêem a hora de tudo isso começar.<br /><br /><span style="font-size:78%;">(em: móbiles - hestórias e considerações)<br /></div></span>lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-15503863081452840512008-01-28T04:17:00.000-08:002008-01-28T04:25:05.134-08:00AMAR AOS MEUS 22 ANOSAmar aos meus 22 anos<br />É ser poeta, mulher<br />É um desvendar de arcanjos<br />Que não desvenda qualquer<br /><br />É desfilar de bagas<br />É um colar feito de chagas<br />Aberto num coração<br />É um fugir de vaga-lumes<br />Com tanto brilho e tazlume<br />Que não vislumbra a razão<br /><br />Amar é viver sozinho<br />Tendo alguém perto de si<br />É a pomba fazer o ninho<br />E a rolinha sempre ali<br />É um nunca fechar de braços<br />Que se estreita em abraços<br />E une dois corações<br />Um turbilhão de desejos<br />Que se desmancha em beijos<br />E passa como ilusões.<br /><span style="font-size:78%;"><br /><br /></span><span style="font-size:100%;">Assim em louca sequena<br />Nessa voragem fatal<br />Nossa alma vai de carreira<br />Bater na porta do mal<br />É como a leve falena<br />Queimando as asas sem pena<br />No derrador de uma luz<br />Vai tropeçando em quimera<br />Em busca de primavera<br />Cair nos braços da cruz<br /></span><br /><span style="font-size:100%;">Amar é fechar os olhos<br />É ver-se o que não se vê<br />É caminhar entre abrolhos<br />Colhendo grinalda,<br />É até mesmo eu penso<br />Que a gente fica suspenso<br />Nas asas de um querubim<br />Vai voando e voando<br />Por entre estrelas passando<br />Naquelas plagas sem fim<br /></span><br /><div align="justify"><span style="font-size:100%;">Amar assim como eu amo<br />É um delírio talvez<br />Uma loucura não chamo<br />Por louco, não sou bem vez<br />É por força e mistério<br />Não sei que dia etério<br />Que não seja da onde é de vir<br />É uma atração de abismo<br />Aflui do magnetismo<br />Que sentimos sem sentir<br /> <br /> Joaquim Bonfim Filho</span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"> <em> </em><em><span style="font-size:78%;">(DATIM BONFIM)<br /> </span><br /></em><br /><br /><br /><br /><br /> </span></div>lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-25781408161202886672008-01-28T04:11:00.000-08:002008-01-28T04:16:22.530-08:00SOBRE 4 COISAS NO MUNDOSOBRE 4 COISAS NO MUNDO<br /><br />O verso que eu ouvi no rádio, o verso era assim:<br />Tem 4 coisas no mundo<br />Que faz eu trocer o camim<br />Uma rodia de cascavel<br />Uma briga de guaxinim<br />Uma raposa parida<br />E uma velha de biquin<br /><br />Aí, o menino do Pedro Nereu tirou os dois versinhos do começo, e botou outros dois:<br /><br />Tem 4 coisas no mundo<br />Que eu faz eu trocer o camim<br />Uma rodia de cascavel<br />Uma briga de guaxinim<br />Dos bebo do Curral Velho<br />Ser morador dos Bonfim<br /><br /> Joaquim Bonfim Filho<br /> (DATIM BONFIM)lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-76194938094463500662008-01-26T09:47:00.000-08:002008-01-28T03:45:28.332-08:00BEBER ÁGUA É TOMAR BANHO POR DENTROaquário é um lago pequeno<br /><br />que podemos carregar nas mãos<br /><br />e colocar em cima da mesa<br /><br />para vermos os peixes vivos<br /><br /><br /><br />lago é um aquário que não cabe dentro de casa<br /><br />não podemos carregar nas mãos<br /><br />nem colocar em cima da mesa<br /><br />mas é menor que um rio<br /><br /><br /><br />rio é um lugar onde vivem peixes e outros animais<br /><br />outros animais são aqueles que não são peixes<br /><br />nem todos os outros animais vivem na água<br /><br />peixe é um animal que respira o que nós bebemos<br /><br />beber água é tomar banho por dentro.lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-26103987798703845462008-01-26T09:22:00.000-08:002008-11-12T21:21:55.653-08:00DIÁLOGO ADVERSO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfZGFYg-OmmBuey5077SmwFLWPJIpSbBIeLpz0wCTWtJh7WUhXF4KfuQx7CzhqvhBrEBQsxNpRSqkK307Toz96wAG2VSmnfH51UGMCCCyY02gtarkwRaMbZlRPBe80dohkoXezAX5cYqYs/s1600-h/PICT0108.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5159839759042588818" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfZGFYg-OmmBuey5077SmwFLWPJIpSbBIeLpz0wCTWtJh7WUhXF4KfuQx7CzhqvhBrEBQsxNpRSqkK307Toz96wAG2VSmnfH51UGMCCCyY02gtarkwRaMbZlRPBe80dohkoXezAX5cYqYs/s200/PICT0108.JPG" border="0" /></a><br /><div><em><span style="font-size:85%;">'Lutarei pela sobrevivência de meu povo, disse o príncipe.</span></em></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;"></span></em></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;">"Difícil será fazê-lo acreditar, comentou o bobo.</span></em></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;"></span></em></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;">'Matarei quem não acreditar, ponderou o príncipe.</span></em></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;"></span></em></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;">"Nunca duvidei de vossa bondade, concluiu o bobo.</span></em></div>lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-873430768394976772.post-76055453490664849792008-01-26T08:35:00.000-08:002008-11-12T21:21:55.888-08:00O FILHO ALÉRGICO E A MÃE PROTETORA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuebRVhZN1Cbi6lrpxdTvNp93v933dA9iSLg7C6MGOdz2rwQM6Bvj-8kN8uRf_4Se0EykOzFOVHiZvdobl3-om0J_Rnbi7LkBLZk_RYnD9_sAd8QhaK6frrluekqt8CIIhL5HnV5ie7S1l/s1600-h/PICT0116.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5159825559880708226" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuebRVhZN1Cbi6lrpxdTvNp93v933dA9iSLg7C6MGOdz2rwQM6Bvj-8kN8uRf_4Se0EykOzFOVHiZvdobl3-om0J_Rnbi7LkBLZk_RYnD9_sAd8QhaK6frrluekqt8CIIhL5HnV5ie7S1l/s320/PICT0116.JPG" border="0" /></a><br /><div><em>O FILHO (Irritado)</em></div><br /><div><em></em></div><br /><div><em>Mas eu gosto de morango!</em></div><br /><div><em></em></div><br /><div><em>A MÃE (Concluindo)</em></div><br /><div><em></em></div><br /><div><em>Mas o morango não gosta de você!</em></div>lucianobonfim.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15870445492553934834noreply@blogger.com0